crise do coronavírus

Volta às aulas sem vacinas e reforma da previdência em Gravataí: as ’pautas-bomba’ que podem explodir greve dos professores; ’Funk na cara da Justiça’

Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública Municipal de Gravataí tem assembleia ordinária nesta sexta

Junte o medo da contaminação com a volta às aulas presenciais a uma reforma da previdência municipal – que é mais um furo no bolso de professores que já vivem um fim de mês perpétuo – e o substantivo feminino “greve” ameaça sair das trocas de WhatsApp para as mãos levantadas na assembleia remota do sindicato dos professores de Gravataí, a partir das 9h desta sexta.

– Não agimos de forma irresponsável, mas sobre greve não posso nunca. A categoria é quem decide – resumi, cautelosa, ao Seguinte:, a presidente do sindicato dos professores, Vitalina Gonçalves.

A assembleia tem como pauta o começo da discussão sobre a chamada data-base, que são as reivindicações salariais e históricas da categoria.

Na convocação aparece a expressão ‘pauta emergencial’, porque além de perdas calculadas em 25% nos salários nos últimos 8 anos, e frente a uma inflação de 7% nos últimos 12 meses, trata da estrutura das escolas e testagem para professores na volta às aulas e, a ‘pauta-bomba’: a reforma da previdência que aumenta o tempo de contribuição do funcionalismo municipal e taxa também aposentados.

A direção do SPMG recebeu uma minuta da reforma às 17h desta quarta, das mãos do prefeito Luiz Zaffalon (MDB), que ainda não apresentou publicamente o projeto de lei.

– É uma reforma pesada – alerta Vitalina, que conseguiu do governo uma semana para conversar com a categoria antes do PL ser enviado à Câmara de Vereadores e, no perfil de Facebook do SPMG, já deflagou campanha com cards questionando pontos da reforma.

– Assusta, já que a lógica é aquela: trabalhar até morrer, ou morrer trabalhando; além de sacrificar quem trabalhou e contribuiu a vida inteira. É uma reforma igual à nacional – argumenta.

A evidência da proximidade da ‘tempestade perfeita’ é o fato de a reforma chegar à Câmara nas primeiras semanas de aulas presenciais e também remotas, já que o modelo híbrido, em que os pais escolhem, é mantido por Gravataí. Ou seja, sobrecarga para os professores e possibilidade maior de contágio.

– Estamos preocupados porque não há perspectiva de vacinação e, apesar da redução em alguns indicadores sanitários, o número de mortes pela COVID ainda é altíssimo. Não parece seguro esse retorno, em Gravataí ou lugar algum – argumenta a presidente, que cometeu a frase que incluí na manchete de A novilíngua de Leite: Gravataí e Cachoeirinha já tem data para volta às aulas presenciais; ’Governador samba na cara da Justiça’.

Após o que detalhei em Gravataí e Cachoeirinha voltam às aulas? Zaffa e Miki divergem, juíza suspende e associação de escolas particulares convoca retorno nesta segunda; A bagunça que o governador criou e Gravataí e Cachoeirinha: depois da bagunça, a decisão sobre volta às aulas; Miki acertou, Zaffa errou, Vitalina vai além.

– Não é mais samba, é funk na cara da Justiça.

O exemplo que a sindicalista usa é o mesmo que reportei em O jeitinho de Leite: Gravataí e Cachoeirinha vão para bandeira vermelha; O Ministério da Verdade decreta a Mentira e Como um meme, Leite pintou o mapinha: Gravataí e Cachoeirinha em bandeira vermelha; 50 tons de alguma cor para volta às aulas. O procurador-geral do Estado Eduardo Cunha da Costa disse num dia à Rádio Gaúcha que trocar a bandeira de preta para vermelha por decreto seria “jeitinho” e, menos de 24h depois, foi exatamente o que fez o governador Eduardo Leite (PSDB).

– Leite parece se associar a Bolsonaro em uma estratégia que não deu certo, que é a imunidade de rebanho, que se mostrou um criatório de novas variáveis do coronavírus.

Ao fim, não é torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos. Nos próximos dias o professorado vai misturar o medo do contágio, pessoal, dos alunos e na família, com o congelamento de salários e perda salarial com a reforma da previdência, apresentada pelo governo como única garantia das aposentadorias.

É a tempestade perfeita.

Um funk batidão.

 

LEIA TAMBÉM

A polêmica da volta às aulas: Gravataí e Cachoeirinha odeiam professores?; Para alguns nas redes sociais parece

As aulas presenciais vão voltar em Gravataí e Cachoeirinha; Sorteio ‘Com K’, greve ’Com G’

Onde foi o dinheiro do socorro federal para Gravataí; O que ’CPI do Bolsonaro’ encontraria se investigasse

Nunca tantos gravataienses morreram: março teve mais óbitos do que nascimentos; A virulência da COVID-19

Lockdown deu certo: Araraquara tem 2 dias sem mortes, Gravataí tem 5 a cada 24 horas; O efeito Páscoa e a UTI só em hospital militar

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade