O prefeito em exercício Maurício Medeiros (MDB) considerou retaliação à demissão as denúncias feitas pela ex-secretária de Modernização Administrativa e Gestão de Pessoas, Aline Mello, que disse ter deixado o governo por receber ameaças de morte ao alertar para contratações suspeitas em curso na Prefeitura de Cachoeirinha, como revelou o site O Repórter em Secretária é ameaçada de morte e se demite da Prefeitura de Cachoeirinha.
– O tempo é o senhor da razão. Não há corrupção ou qualquer irregularidade nas licitações. A secretária não saiu em licença saúde, ela foi exonerada na sexta-feira por questões políticas e, como represália, fez essas denúncias infundadas – disse Maurício ao Seguinte:, na manhã desta terça-feira.
A principal denúncia da ex-secretária, que registrou ocorrência policial por ter recebido duas ligações ameaçadoras de números privados, e disse ao jornalista Roque Lopes que vai entregar documentos no Ministério Público, envolve contrato emergencial de R$ 3 milhões por 180 dias para a limpeza urbana, que está em curso durante o processo de licitação pública para o mesmo serviço.
A notícia, que também tinha sido publicada pelo site e aparece em links anexos na reportagem que citei acima, caiu como uma bomba no meio político, já que o prefeito Miki Breier está afastado pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça desde 30 de setembro de 2021, e por mais 180 dias, apontado pelo Ministério Público, nas operações Proximidade e Ousadia, como chefe de uma organização criminosa que fraudava contratos do setor.
– Abrimos um processo de contratação emergencial apenas para o caso de a licitação ser impugnada. Não podemos correr o risco de Cachoeirinha ficar sem os serviços, com lixo na rua. Não há nada irregular. Comunicamos o Tribunal de Contas do Estado (TCE) – garante o prefeito em exercício.
– Sobre as ameaças de morte é a secretária quem tem que provar, mostrar o celular dela – concluiu.
Fato é que Aline Mello tem credibilidade de mais de uma década na política de Cachoeirinha e é filha do veterano vereador Deoclécio Mello. Suas denúncias são gravíssimas – recomendo a leitura das reportagens de O Repórter – e devem ser investigadas.
Observando pelo viés político, antecipei ainda em novembro do ano passado que Maurício seria o próximo alvo, em Vaza Cachoeirinha: Impeachment de Miki ameaça Maurício Medeiros; O filho de calcinha, a ditadura e a galera.
Escrevi: “Melhor para Maurício é ter Miki, hoje um cadáver político, como seu espantalho para espantar aves de rapina. Experiente, já deve calcular que os mesmos 12 votos para impichar Miki também podem cassá-lo. Por vezes, proximidades à parte, vereadores de 'governo' e 'oposição' se misturam (…) Com a cassação de prefeito e vice até o fim de 2022 teríamos nova eleição. Há muitos grupos políticos e econômicos interessados em tomar a Prefeitura de assalto. Se Miki cair, a fila anda…”.
Ao fim, obrigo-me a repetir mais uma vez: pobre Cachoeirinha!
Seja Miki, Maurício ou um novo prefeito, se as relações políticas municipais não avançarem para um mínimo republicanismo, restará um refém em cativeiro Prefeitura.
E a imagem de uma cidade de bandidos, onde política e polícia se confundem.
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