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Gravataí é pior do RS no saneamento básico

Foz do Rio Gravataí é um dos locais mais poluídos entre rios do país | Imagem GOOGLE MAPS

Tinha um alçapão no fundo do poço do saneamento. Gravataí caiu de 88ª para 92ª no ranking da cobertura e tratamento de água e esgoto entre as 100 maiores cidades do Brasil, conforme o Instituto Trata Brasil.

Nada que os gravataienses não sintam, com falta de água verão e inverno, e uma longa distância das metas previstaa até 2033 pela PPP, a parceria público-privada da Corsan com a Metrosul: 99% de oferta de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto.

Hoje o percentual da população atendida com água é de 87% e com esgoto 33%. E o nosso principal manancial é o quinto mais poluído do Brasil, como o Seguinte: reportou em Rio Gravataí resiste em meio à estiagem, poluição histórica e lentidão governamental.

Para o prefeito Luiz Zaffalon (MDB), a saída é, para além dos investimentos de R$ 1,7 bilhões da PPP, prometidos para os próximos 11 anos, a – polêmica –privatização.

Dos seis representantes gaúchos que figuram no levantamento, quatro perderam posições na comparação com o relatório do ano passado, e apenas duas avançaram.

Além de Gravataí, Porto Alegre caiu de 42ª para 43ª; Caxias de 70ª para 62ª; Santa Maria de 76ª para 75ª. Canoas subiu de 82ª para 81ª e Pelotas de 84ª para 80ª.

São dados de 2020 do Sistema Nacional de Informações, que chegam em uma nota de 0 a 10 levando em conta cobertura de água e esgoto em relação à população, relação entre consumo de água e proporção de tratamento do esgoto e níveis de investimento, entre outros pontos.

Entre os municípios gaúchos, Porto Alegre é a melhor (7,52). Seguem Caxias (6,47), Santa Maria (5,56), Pelotas (5,13), Canoas (5,04) e Gravataí (3,96). Para efeitos de comparação, o melhor município do país é Santos, em São Paulo, com nota 9,94.

– Era esperado – lamentou Zaffa, ao Seguinte:.

– Gravataí cresce todos os dias e a Corsan. As perdas são imensas por redes velhas e ‘gatos’. Falta água todos os dias em vários pontos da cidade, não importa a estação – resume.

O prefeito observa que a Metrosul começa a recuperar estruturas “que estavam sucateadas”, mas até agora, em quase um ano, só conseguiu ligar na rede existente 3.000 residências.

– Tenho esperança com os quase R$ 500 milhões em investimentos anunciados. É previsto um reservatório de 3 milhões de litros no Chaleira Preta e a nova adutora em Cachoeirinha para abastecer aquela região. Enfim, a privatização e os investimentos anunciados são a solução.

Ex-diretor-presidente da estatal gaúcha, Zaffalon explica ter assinado a prorrogação do contrato com a Corsan, para viabilizar a PPP, pelo cronograma “auspicioso” para investimento em esgoto e porque era “a única alternativa”.

– Quando no início do governo dei um basta à Corsan eu via este cenário. Em junho me apresentaram os investimentos que resolvem nossa vida. Porém para acontecer a Corsan deverá ser outra. Esta que existe não cumprirá – preocupa-se, informando que vai mandar à Câmara uma remodelagem da Secretaria de Meio Ambiente, montando uma diretoria de saneamento para acompanhar os cronogramas da PPP.

Sergio Cardoso, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande do Sul, que é crítico à privatização da água e esgoto, usa a tendência de queda para questionar a operação da “terceirizada” Metrosul após um ano de PPP.

– Não se vê investimento novo e caímos no ranking. O saneamento de Gravataí está na UTI – compara o geólogo, que também preside a Associação de Preservação da Natureza Vale do Gravataí (APN-VG), uma das entidades ambientais pioneiras no Brasil.

A presidente executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, disse à GZH, na reportagem “Piora situação de cidades gaúchas em ranking nacional de saneamento”, do jornalista Marcelo Gonzatto, que a diferença no volume de dinheiro destinado a tubulações e estações de tratamento se reflete no desempenho das cidades no ranking.

– Os 20 melhor colocados aplicaram, em média, R$ 135 por habitante ao ano. Entre os 20 piores, esse valor ficou em apenas R$ 48. É preciso aumentar os investimentos – apontou, lembrando que o Brasil aplica hoje, como um todo, cerca de R$ 13 bilhões anuais em saneamento. Mas, para cumprir as metas acordadas para 2033, seria preciso subir esse gasto para cerca de R$ 40 bilhões.

Hoje, 35 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a água tratada, e 100 milhões não contam com coleta de esgoto.

 

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Ao fim, fato é que, como sempre diz Zaffa, Gravataí ao mesmo tempo em que só faz crescer, convive com uma rede de saneamento “medieval”.

Mas a privatização não é consenso nem no grupo político do prefeito.

A deputada estadual Patrícia Alba (MDB), companheira do ex-prefeito Marco Alba (MDB), já foi estrela de outdoor do Sindiágua, por votar contra o governo Eduardo Leite (PSDB) na derrubada da necessidade de plebiscito para privatizar a Corsan, como reportei em Privatização da Corsan: Patrícia Alba ’pega na mentira’ o governador; Deputada de Gravataí vota contra ’Pix ilimitado’ para vender a estatal.

Certeza só que não basta autorização para vender, é preciso depois ter quem queira comprar e arcar com os investimentos.

Na região metropolitana o bilhão para a PPP é barbada para reverter em lucro vendendo água, ainda mais com a Corsan tendo entrado com o investimento inicial.

A coisa fede quando é preciso outros 9 bilhões até 2033 para garantir água e esgoto para outros 200 municípios menores cobertos pela estatal.

 

 

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