Secretária completa duas semanas desde a nomeação na pasta que tem o maior orçamento do município – e desfios proporcionais para serem superados
Beth Colombo está empolgada.
Formalmente há duas semanas no cargo de secretária de Educação – é a quarta vez que ela ocupa a função -, Beth Colombo já fez um mergulho nos desafios que terá pela frente. E basta começar a conversa sobre o trabalho a que se dedica desde o início de março que o papo flui. Com a franqueza de sempre, Beth falou da desistência da candidatura a deputada estadual, do tratamento que ainda faz para combater um câncer de mama e, claro, sobre os planos para a Educação no município. De olho na relação conturbada do professorado com o governo, ela conta como decidiu abrir novas pontes com a categoria e, como era esperado, vai aposta no diálogo para superar eventuais distâncias. E adianta que já escolheu a urgência número 1 para atacar de imediato: a falta de professores.
"Somadas Educação Infantil e Ensino Fundamental, temos uma carência de 150 professores, no mínimo", conta. "Esse é o primeiro desfio. Não dá para atacar os demais problemas sem os recursos humanos em sala de aula".
LEIA TAMBÉM
Na conversa com o blog, a nova secretária antecipou que finaliza a revisão do edital de contratação emergencial para professores que será lançado nos próximos dias. Com ele, a Prefeitura pretende completar o quadro que hoje está aquém da necessidade. "Chamamos todos os concursados disponíveis", diz Beth. E por 'todos' ela quer dizer 'todos mesmo'. O concurso em questão teve o prazo encerrado em 14 de março e não resta ninguém classificado para novos chamados. Ainda há cerca de 80 professores aguardando o processo de nomeação que está suspenso devido a uma ação judicial de um classificado que foi reprovado no exame psicotécnico – o que fez com que a secretaria agilizasse o processo de contratação emergencial.
"Temos uma série de ações programadas e planejadas. Contratamos plataformas para recuperar perdas da pandemia, estamos preocupados com a diferença de idade e série que encontramos na rede. Mas a ação principal, agora, é recuperar os recursos humanos", avalia Beth.
Os planos são muitos e, para isso, a nova secretária precisa contar com professores engajados na sala de aula. Mas como fazer isso diante de uma realidade de distanciamento entre a categoria e o governo? "Diálogo", resume Beth. "Entre hoje e amanhã, tenho outra reunião com o sindicato dos professores. Será a segunda desde que tomei posse. Além disso, convidei as direções das escolas infantis para uma primeira conversa".
"Note que disse convidei, não convoquei", eslarece Beth. "Com franqueza e respeito, acredito que vamos avançar para uma relação de confiança com os professores".
Entre o sonho e o chamado, o chamado
Beth Colombo contou ao blog que o primeiro convite para assumir a Educação chegou a ela pelo prefeito Jairo Jorge ainda no período de formação do governo, no finalzinho de 2020. "Naquela época ponderei com ele que não queria aceitar e ter que sair em março para concorrer. Então, segui o plano de ir às eleições e declinei do convite", revela.
Com a saída anunciada de Sônia Rosa, que até fevereiro era a secretária de Canoas, o nome de Beth voltou a mesa de Jairo. Em uma conversa com o blog assim que o nome da ex-vice foi confirmado, o prefeito disse que evitou vazar qualquer especulação em torno da indicação para evitar constrangimentos a Beth, que vinha se recuperando de uma série de sessões de quimioterapia por conta de câncer descoberto em setembro do ano passado. Até então, ela ainda era pré-candidata a deputada estadual.
"Entre o chamado para ser secretária e o sonho de ser deputada estadual, dessa vez optei pelo chamado do prefeito Jairo Jorge", diz. Enfrentar a doença que a acomete teve um pouco a ver com isso, também. Na Secretaria de Educação, Beth consegue controlar melhor a agenda de trabalho – o que é praticamente impossível durante uma campanha que precisa percorrer o Estado inteiro. "Meus médicos deram o 'ok' para trabalhar, mas eu preciso ter cuidado. Aqui posso me dedicar e estou pertinho de casa".
A General Netto, 37 anos depois
Nessa volta à Educação, Beth lembrou de uma história curiosa em relação a escola General Netto, no bairro Olaria. Há 37 anos, na primeira oportunidade que ela esteve à frente da Secretaria de Educação, no governo do prefeito Cláudio Schultz, Beth foi quem inaugurou o préido da escola. Naquele tempo, antes que a obra ficasse pronta, as crianças estavam tendo aulas no salão paroquial que fica ao lado – exatamente como agora.
"Quando soube disse: não pode ficar assim", conta Beth. "Já adquirimos e vamos instalar lá salas moduladas com cortinas, ar-condicionado e todo o equipamento necessário às aulas. E a obra da escola vai ficar pronta".
Falando em obras, a escola Sete de Setembro, que fica entre a Olaria e o Guajuviras, também está em obras – mas, por lá, o canteiro parou. "A empresa contratada desistiu e há um processo para chamarmos outra, que não é muito simples. Essas construtoras não querem assumir o que outro começou, geralmente. Mas estamos resolvendo e vamos dar ordem de início assim que possível".