Partidão criado pela fusão do DEM com o PSL atrai ex-petebistas, ex-bolsonaristas e gente do centrão, como o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati
Muita conversa. Essa é a receita que Luiz Carlos Busato vai usar para transformar o recente União Brasil em um partido de verdade – de preferência até outubro, quando enfrentará as urnas pela primeira vez desde que foi criado a partir da fusão do DEM com o PSL. Em solo gaúcho, o partido nasce gigante: é o maior entre todos em atividade por aqui, tem a maior fatia do fundo partidário e, portanto, do fundo eleitoral: o interesse de 10 em 10 candidatos dispostos a por o nome nas urnas em 2022.
Habilidade para o diálogo, Busato tem. Arrisco a dizer que esse é fundamento da política que o ex-prefeito de Canoas exerce melhor. Dez anos de Congresso deixaram um legado em Busato, afinal. E ele vai precisar se quiser ver o União Brasil que preside no RS ser um partido e não um 'saco-de-gatos', como se diz por aí: unhas e miados do 'cada um por si' não podem falar mais alto do que a unidade.
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Ao dar a José Fortinati a presidência do diretório da Capital, Busato dá a dica às lideranças que conversam com o União de que está disposto a repartir a visibilidade do momento pré-eleitoral. A missão dele, na sequência, será a de arrebanhar os descontentes do PTB Estado afora: especialmente aqueles que não querem estar no palanque de Jair Bolsonaro e seu candidato ao Piratini, o ministro Onyx Lorenzoni.
A tarefa não é simples. Parte do PTB vem há mais de ano ensaiando a debandada do partido – especialmente deputados com mandato e seus suplentes imediatos. Nesse tempo todo, conversaram com todo mundo – e aqui e ali, empenharam compromissos. Um deles é com o governador Eduardo Leite, de malas prontas para assinar ficha no PSD e por o nome na disputa pela presidência da República em outubro. Se esse movimento se confirmar, parte do antigo PTB migra com Leite, como já antecipou o ex-petebista Agostinho Meireles, o número 1 do governador e pelotense como ele.
O desafio de Busato não é pequeno: o União Brasil precisa ser mais do que uma foto de 'tô contigo' se quiser ser grande ainda em 2022.